terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Histórias da Inquisição: o Processo de Maria Marques Coutinha, a Serva de Satanás em Vale de Prazeres

Leio arquivos antigos, no âmbito do estudo genealógico da minha família, e pelo meio de tantos arquivos de documentos antigos disponibilizados online, achei processos da Santa Inquisição, que de santa não tinha nada.

Alguns destes procesos têm um conteúdo mirabolante, e embora a caligrafia seja de difícil leitura, vale a pena ler. Talvez algumas sejam histórias de alguém que já não tinha os parafusos todos no sítio, e que acreditava no que diziam, ou simplesmente inventavam alguma história para mascarar uma realidade que não era aceite pela sociedade.
No entanto, acaba por ser pesado ler outras destas histórias, porque, para além de serem histórias verídicas, muitas vezes a pessoa acusada acabava por ser sentenciada a ser queimada na fogueira, ou a uma vida de aprisionamento e discriminação - por terem de usar certas vestes que os distinguissem do resto das pessoas. E muitos deles, o único crime de que eram acusados era serem judeus, cristãos-novos (judeus convertidos ao cristianismo), ou simplesmente por se oporem à injustiça da Inquisição.

Aqui fica um dos processos, com uma história irreal: o processo de Maria Marques Coutinha, de Vale de Prazeres, Beira Baixa, cuja acusação é de proposições heréticas e que teve lugar no Tribunal do Santo Ofício, em Lisboa a 7-9-1751. Era acusada de servir a Satanás e de ter feito um Pacto com este. Foi absolvida do seu crime, mostrando-se arrependida do seu crime, tendo-se deslocado a Lisboa para mostrar o seu arrependimento no Tribunal do Santo Ofício.
Neste Tribunal concluiu-se que Satanás aparecia à dita senhora, levando-a a afastar-se dos actos cristãos, porque o seu falecido marido mandava-a para o Diabo. Afinal de contas, o culpado de tudo ter acontecido, foi o falecido marido.

Pode ser encontrado em https://digitarq.arquivos.pt/details?id=2309848

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Genealogia

Ando a fazer pesquisa sobre a minha árvore genealógica, para conhecer os meus antepassados. Como tal, é preciso organizar a informação pesquisada, para representar os meus antecessores. Optei por seguir a Numeração de Sosa-Stradonitz, permitindo-se assim obter uma árvore (pode-se representar como uma listagem), onde cada posição é ocupada de forma concreta:

  • O pai ocupa sempre um número par, e a mãe um número ímpar.
  • O sujeito (chamado de cujos ou probandus) sobre o qual se está a representar o estudo é o número 1.
  • O pai é o número 2
  • A mãe é o número 3.
  • O avô paterno é o número 4
  • A avó paterna é o número 5.
  • O avô materno é o número 6
  • A avó materna é o número 7, e assim sucessivamente...

Resumindo, o pai é sempre o número 2n e a mãe é o 2n+1. Cada grau da ascendência tem um efectivo teórico correspondente à potência de 2 do seu grau.

Como fontes para a pesquisa, estou a consultar registos históricos, estando disponíveis online, os registos paroquiais de batismo, casamento e óbito. Existem ainda outros registos que contém informação familiar, como as Habilitações a Familiares do Santo Ofício, passaportes, etc.

Recursos genealógicos:
Livros:

(para fazer download de imagens de arquivos históricos, pode-se usar a aplicação Archive GetLinks)

Os Registros de Batismo podem conter as seguintes informações:
  • Data e local de batismo
  • Nome e sexo da criança
  • Data e local de nascimento da criança
  • Nome do pai, profissão e origem
  • O nome de solteira da mãe, e origem
  • Os nomes dos avós paternos
  • Os nomes dos avós maternos
Os Registros de Casamento podem conter as seguintes informações:
  • Data e local do casamento
  • Os nomes do noivo e noiva
  • Idade do noivo, estado civil, ocupação e origem
  • Data e local de batismo do noivo
  • Os nomes dos pais do noivo
  • Idade da noiva, estado civil, ocupação e origem
  • Data e local de batismo da noiva
  • Os nomes dos pais da noiva
  • Os nomes das testemunhas
Os Registros de Óbito podem conter as seguintes informações:
  • Nome, idade e sexo do falecido
  • Data e local do óbito
  • Estado civil e e local de origem
  • O nome do cônjuge, se casado
  • Os nomes dos pais, se o falecido for menor de idade
  • Os nomes dos filhos
  • As informações de sepultamento




A minha pesquisa:
Estou a fazer a pesquisa genealógica da seguinte forma:
Sabendo a data de nascimento de um ascendente, procuro o nome no livro paroquial de registos de batismos da freguesia do local do nascimento. Ao encontrar o nome neste livro, fico a saber o nome dos pais e avós e a naturalidade dos mesmos. De seguida, vou ao livro paroquial de registos de matrimónio da frequesia de onde os pais são naturais, para procurar o registo do matrimónio destes. Neste registo do matrimónio, informa a idade dos mesmos aquando do matrimónio. Desta forma, posso calcular quando terão nascido e ir procurar novamente cada um deles no livro paroquial do registo de batismos.Ao mesmo tempo, vou construindo a árvore de costados (ou ascendentes), seguindo a numeração de Sosa-Stradonitz, onde vou reunindo esta informação.